"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."



- Martha Medeiros -

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Eu!?


Era uma vez...
Uma menina, princesa real, filha de um lindo rei nórdico de olhos azuis e de uma pequena fada encantada com voz doce e lindos olhos de chocolate. A menina nasceu com a pele alva como o chantili, olhos de pradaria, voz de mel e cabelos de ouro.
Logo após seu nascimento o rei foi desterrado... a fada trocou suas asas pela vida de seu amor... e a menina passou de princesa a plebéia.
Aprendeu a ler aos 4 anos e aquele foi um dos dias mais felizes de sua vida...

Já não era mais uma menina com seu livro...
e sim uma mulher com seu amor!

 - Clarice Lispector -

Daquele dia em diante, não era mais menina... era a princesa, a sereia, a mosqueteira, a rainha, a escrava, a mocinha e a bandida. O mundo se abriu... seus verdes olhos passaram a observar outros horizontes e seus dias passaram do cinza opulento ao colorido intenso.
Já aos 9 anos trabalhava fora, para ajudar nas despesas da casa.
Aos 15 anos a menina percebeu que as asas da mãe-fada não eram mais suficientes para manter o pai-nórdico amado de pé... e teve que dar de si mesma para isso... perdendo toda sua liberdade!
Passou a trabalhar em tempo integral, sem sequer ter tempo de frequentar as aulas... era uma habilidosa construtora de sonhos... então começou a torná-los reais.
Fazia castelos, construía carruagens, projetava os sonhos dos outros e os fazia realidade... circos, carros de corrida, batmóveis, casinhas para anões, castelos de gigantes, pequenas camas de nozes, abóboras carruagens, festas no céu e no fundo do mar!
E apesar de trabalhar com sonhos... eram os sonhos dos outros! Os seus continuavam trancafiados em algum calabouço fundo para que não fugissem... mas também não se revelassem. Eram seu maior segredo!
Voltava para casa todos os dias e via uma fada sem asas e um rei alquebrado... mas os sorrisos daquele amor botavam em alto e bom som. As brincadeiras de quem saiu de um palácio e se lançou a uma choupana. Mas que nunca perdeu o bom humor... a felicidade... o AMOR!

Muitas pessoas têm uma idéia equivocada daquilo que constitui a verdadeira felicidade. Ela não é alcançada através da auto-satisfação, mas pela fidelidade a um propósito digno.



- Hellen Keller -

Sua vida foi vivida dia após dia em meio a este amor... em meio a uma determinação de um manter o outro em pé... custasse o que custasse... em meio a um dar-se a si mesma(o) sem começo, meio ou fim.
O rei, alto, loiro e alquebrado pela doença, continuava, a cada dia dominando a menina-moça, trabalhando seu caráter, sua força, mostrando-lhe, conceitos que se perderam no mundo, como força, honradez, coragem, generosidade, amizade, fidelidade, verdade... o amor!
A fada sem asas lhe mostrava a beleza da natureza, das ações, da família... a perseverança, a maciez, a suavidade, o carinho, a meiguice, a temperância, a submissão... o amor


Duvida da luz dos astros...
De que o sol tenha calor...
Duvida até da verdade...
Mas confia em meu amor.

- William Shakespeare -

Com 15 anos já pensava como se tivesse 30... com 30 já percebia o peso dos 60...
Tanto já tinha visto, vivido e sofrido... quem viu o que ela viu, fica marcado para sempre...
Já tinha vivido tanto... mas seus sonhos continuavam enterrados, num fundo calabouço!
Passou a ensinar os que menos sabiam... tinha Mestres em sua vida que lhe ensinavam a viver, a pensar, a separar as coisas, a sentir e ser sentida... e deles aprendia... bebia conhecimentos como se fosse uma esponja...
Algo em seu íntimo lhe dizia... sussurrava em seu ouvido que seu tempo acabava... e o tic tac do relógio da vida podia ser ouvido cada vez mais alto e cada vez mais próximo, como se os segundos tivessem pressa em passar...

É tarde, é tarde, tão tarde até que arde!
Ai, ai meu deus, é tarde, é tarde, é tarde!

- Coelho Branco personagem de Lewis Carrol em Alice no País das Maravilhas -

O rei também ouvia o tic tac... e se prepaou para ele... ensinou a menina a pescar, fazer, cozer, e tudo de que precisava para viver. Estimulou. Alimentou idéias, Estimulou dons naturais. Abriu o calabouço, resgatou e alimentou seus sonhos durante as noites em que ambos choravam e dormiam abraçados. Estaqueou seus alicerces. Fortificou colunas. Ensinou a lutar. A embainhar e desembainhar as armas com tanta rapidez que os inimigos tremeriam só de ver.


Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
- Fernando Pessoa -
A fada analisou, acarinhou, curou feridas, ensinou a meiguice, a sorver a chuva, a sorrir pro sol, a atravessar as estações... e a amá-las. Ensinou a se curvar com o vento, mas nunca se dobrar, pois as dobras não se desfazem jamais. Lhe mostrou como ser o que seu nome significava... branca, pura, lírio dos vales. Como manter a brancura de seus pensamentos e colocar todas as noites a cabeça no travesseiro... e dormir, sem se envegonhar. Como manter a pureza de seus sentimentos, atos, gestos e palavras, arcando com as suas consequências. Como ser o lírio do vale, que, sem perder sua beleza e sua delicadeza, lutada dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, com o vento arrasador e muito mais forte.
A menina-moça? Aprendeu, viveu, vivenciou... se tornou!
O relógio? Parou! O rei se foi... a fada começou a definhar... mas ainda assim lhe deixou lembranças e mais lembranças de tempos fáceis e mais difíceis... calmos e turbulentos, felizes e nem tanto... lágrimas e sorrisos... mas também se foi!
Ambos em seus braços... ambos proclamando seu amor no último suspiro!

Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais...

- Clarice Lispector -

Seu lado criança jamais cresceu!
Sua saudade jamais passou!
Tantos apareceram e desapareceram... tantos foram comparados e aquilhoatados com o peso do que ela havia vivido... e todos perderam! Ninguém era bom o suficiente!


Existe um lugar onde ninguém pode tirar você de mim... Este lugar chama-se pensamento... E nele você me pertence!

- Charles Chaplin -



E o rei e a fada continuaram em seu pensamento... em seu coração partido... que precisava imensamente de cola... mas cola de coração não é como cola Tenaz, nem Pritt, ela deve ser feita do sangue do coração... de seu mesmo material, para que possa colá-lo e cicatrizá-lo!
Os pedaços do coração a menina juntou... a cola que achava que colaria desapareceu, se retirou... e não quis se dar ao trabalho de colar!
Um grande Mestre... com "M" Maiúsculo lhe ensinou a organizar os pedaços de seu coração, como um quebra cabeças... Pois... Quem viu o que ela viu... pode dizer que viu o inferno! E seu grande torturador!
Então ele lhe ensinou cinco verbos que regeriam sua vida... saber, querer, poder, ousar e calar!

SABER - Saber quem voce é, conhecer a ti mesmo, conhecer suas fraquezas e defeitos, bem como suas fortalezas e fortunas... Saber... informar-se, o poder da informação é de suma importância na "Arte da Guerra" que trilhamos todos os dias... Saber o que voce quer!

QUERER - Eu quero! Eu não quero! Saber a diferença do que lhe é bom ou não... do que lhe é propenso ou não! Saber o que quer e o que não quer e lutar por isso! Desembainhar a espada com a mão direita, da razão e da força e lutar pelo que quer e o escudo com a esquerda, mão do coração, dos sentimentos... para proteger o que já conseguiu construir! E manter o seu poder sobre isso!

PODER - Eu posso fazer isso! Se não sei... posso aprender! Se desconheço, posso conhecer! Se desconstruo, posso me construir... e aos outros... e ao mundo ao meu redor... se eu ousar faze-lo!

OUSAR - Ousar! Mesmo na tribulação, na pouca chance, na descinfiança, no terremoto, no abismo, no calor do momento ou na frieza dos pensamentos... ousar ser... ousar ter... ousar estar... ousar viver e continuar vivendo a cada dia!

CALAR - Calar... para não levantar a ira dos inimigos, dos invejosos, dos mal caráteres, dos mal intencionados, dos indesejáveis, dos indecentes, dos revoltosos, dos que te empurram ao abismo e não ao conforto de braços amigáveis!

Você sabe o que você quer... ousa lutar por isso... aquire o que deseja, adquire o poder sobre o que conseguiu... e depois se cala... para que a mão direita não saiba o que a esquerda fez... e assim seus atos sejam só seus e você não caia na sua própria destruição da ganância, da arrogância, do reconhecimento!
Saiba o quer, ouse lutar por isso, adquira o que deseja e mantenha seu poder sobre isso, mas cale-se para que seus inimigos não o invejem e lhe traiam no meio da noite, emboscando-o para obte-lo de você!

- Mestre Rocatto -

E  os dias se sucedem... e a vida continua... e o relógio voltou ao seu passo lento e infindável de cada dia... e a menina vê a procissão de dias... ainda sem alegria, sem força para caminhar, sem... Os dias ainda são cinza... As noites ainda passam em claro... As lágrimas ainda brotam descontroladas dos olhos de pradaria... os cabelos de ouro ainda se arrepiam ouvindo a voz, sua pele alva se estica sentindo o toque, o cheiro do que foi perdido!
E NADA foi colocado no lugar!
O buraco persiste... será que vai ser cheio algum dia??
Alguém se habilita a trazer a tal cola milagrosa e colar os pedaços que já estão ordenados??

Ou a menina-moça vai se tornar a senhora em fuga??

 

Fugi...

Hoje andei “entre aspas”
Pulei vírgulas,
Trapaceei reticências...
E fugi de exclamações!!!
Só para estar ao seu lado e ponto final.

- Lígia Guerra -



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