"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."



- Martha Medeiros -

Meus Blog’s!

domingo, 6 de março de 2011

- CANÇÃO -

CANÇÃO

O peso do mundo
       é o amor.
Sob o fardo
       da solidão,
sob o fardo
       da insatisfação
 Da insatisfação
       o peso
o peso que carregamos
       é o amor.

Quem poderia negá-lo?
       em sonhos
nos toca
       o corpo,
em pensamentos
       constrói
um milagre,
       na imaginação
aflige-se
       até tornar-se
humano -
       etéreo
sai para fora do coração
       ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
       é o amor,
mas nós carregamos o peso
       cansados
e assim temos que descansar.

Nos braços do amor
       finalmente
temos que descansar nos braços
       do amor!

Nenhum descanso
       sem amor,
nenhum sono
       sem sonhos
de amor -
       esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
       ou por máquinas,
o último desejo
       é o amor
-não pode ser amargo
       não pode ser negado
não pode ser contido
       quando negado:

o peso é demasiado

       - deve dar-se
sem nada de volta
       assim como o pensamento
é dado
       na solidão
em toda a excelência
       do seu excesso.

Os corpos quentes
       brilham juntos
na escuridão,
       a mão se move
para o centro
       da carne,
a pele treme
       na felicidade
e a alma sobe
       feliz até o olho -

Sim, sim,
       é isso o que
eu queria,
       eu sempre quis,
eu sempre quis
       voltar
ao corpo
       em que nasci.

- Allen Ginsberg -

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