"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."



- Martha Medeiros -

Meus Blog’s!

domingo, 24 de abril de 2011

- MISTRESS M. -


Ele andava pelo entardecer sozinho. Era Páscoa! Ele odiava Páscoa! Ele detestava TUDO na Páscoa! Ahh... não! Ele gostava de malhar o Judas! Isso sim era diversão! Mas... “Pra que tanta coisa só porque o chocolate mudou de formato” ele tinha perguntado a sua mãe logo cedo, naquele mesmo dia. E logo se arrependeu, pois após aquilo seguiu-se um daqueles hediondos discursos sobre Jesus, ressurreição, crucificação... onde entrou seu pai, analista e filósofo que era, tudo baseando na ciência, veio lhe explicar que na verdade foi um ‘estaqueamento’ e que as marcas jamais poderiam ser onde foram pintadas pela igreja, pois as palmas não aguentariam o peso... ele só pensando que se fosse ganhar 30 pedaços de prata, também trairia o tal do cara, afinal, isso ia render uma grana boa... nisso vem sua irmã caçula, que adorava ‘dar pitaco’ quando os pais resolviam lhe passar daqueles sermões, falando sobre coelhinhos, ovos de páscoa e até explicando que coelho não bota ovos... ele já ia ter um ataque cardíaco quando o telefone toca e ele é literalmente salvo pelo gongo.
“É a Tia Maria!” gritou a irmã e tanto seu pai quanto sua mãe lhe esqueceram em função do tal telefonema, então aproveitou a oportunidade para vestir seu casaco de couro  sobre sua camiseta do

‘Judas Priest’, que ele guardava para usar só na Páscoa, mesmo que seus pais quase tivessem uma síncope todo ano, ao verem-no descendo as escadas... e sair ‘de fininho’! Olhe que incongruência... adorava ‘malhar o Judas’, mas se vestia como ele, no Domingo de Páscoa! Assim pensando, ou sem pensar em nada, caminhava tranquilamente pelo bairro quando percebeu que havia começado a chover... mas que MERDA! Um raio pareceu ter caído logo ali! Credo!
Quando olhou do outro lado da rua viu um grupo de moleques que estavam secos, olhando para ele... apontando para ele e rindo a valer! Ele não podia ser motivo de risos! Seria a camiseta? Que MERDA! Outro raio caiu quase no seu pé! Credo! Cruzes! Mas os moleques estavam secos! Como assim?
Ele olhou para trás e só viu água exatamente pelos lugares onde passou... Ela tinha seguido ele?? Olhou para cima e viu a nuvem negra! Bem em cima da cabeça dele! E SÓ EM CIMA DA CABEÇA DELE! Que MERDA é essa?? Mais um raio que quase o atingiu! UI! Que inferno!
Ele atravessou a rua correndo... não ia ficar molhado sozinho! Levaria aqueles moleques molhados junto com ele! Enquanto ele ria e os moleques se espantavam... todos pararam. A chuva desviava de todo mundo... e MIRAVA nele! As gotas foram ficando mais fortes... começaram a machucar... ele atravessou novamente a rua em busca do abrigo de uma marquise gritando... “Mas que MERDA (raio) que inferno... QUE IN-FER-NO!...”
Uma sombra dobrou a esquina, como se fosse fumaça e se aproximou dele, materializando-se numa linda morena de asas... uma anja? Mas era uma sombra, que veio do chão, em forma de fumaça... “Ai céus! Você é uma demônia! Uma diaba! Credo! Cruzes!” a linda mulher sorri um sorriso malicioso “Ora... agora mesmo estava aí pensando que não acredita em NADA da Páscoa! Bom... se não acredita em Jesus, nem em Deus, como pode acreditar no diabo??” ele olhou para ela encantado pela voz melodiosa “É-ehh... porque eu to vendo o diabo, ou uma diaba!” ela riu novamente “Então é que nem São Tomé... tem que ver para crer??” ele ficou confuso “Não... quer dizer... não sei! Mas você é uma diaba!” olhou para todo o corpo curvilíneo e delicado, com curvas não muito acentuadas, mas que desvendavam todos os vales e colinas daquele corpo cheiroso... cheiroso?? Sim! Que cheiro era aquele? Flores, doce de leite, chuva, pôr do sol, futebol... futebol?? Nossa ela tinha o misto exato de cheiros de tudo que ele gostava! Uau! Como será que cheirava a xaninha dela?? Na hora que o pensamento veio ele enrubesceu!


“Ahhh... pensamentos libidinosos! Heim???” o rapaz olhou para ela envergonhado, logo se lembrou... “Ué... mas os anjos não lêem pensamentos!” ela riu melodiosamente “E eu nem precisaria, você enrubesceu durante um passeio pelo meu corpo, parando estrategicamente na minha menina... depois enrubesceu! É lógico que você foi coberto por pensamentos libidinosos!” ele ficou sem ação... e sem resposta!
Ela era linda, com um cheiro gostoso demais... e o gosto? Qual seria o gosto? Ela mexia com ele... mexia profundamente em seu cérebro, em seu coração, mas principalmente em seu pênis! Ele estava profundamente excitado! Nunca tinha sentido nada assim antes! O pênis dele estava tão duro que ele achava que poderia pendurar um cabide nele! Porra! Tomara que ele não gozasse e enchesse a calça de porra na frente daquela menina linda! Ela riu! “Tá pensando em coisas luxuriosas de novo!” ele avermelhou ainda mais! “Porra! Que inferno! Você lê pensamentos?” a anja, ou demônia... lançou-lhe uma tapa estalado no rosto! “Não chame os infernos se você não está pronto para eles!” logo após o tapa, emendou um leve acariciar na face juvenil onde os pêlos faciais começavam a se pronunciar... alisou... aproximou o nariz de seu rosto e acariciou a pele dele com o seu nariz delicado... a bochecha... o lábio inferior... depois o superior... a seguir os dois unidos... olhando em seus olhos aproximou seus lábios macios dos dele... e levemente tocou.
O rapaz, já havia beijado muitas meninas da escola, do cursinho de inglês, da informática, da rua e das baladas... mas ficou paralisado por pensar em beijar uma anja... ou seria uma diabinha vindo lhe atormentar? Ele devia fugir? Entrar numa igreja? Isso! Quer dizer... Resolveu entrar dentro daqueles lábios macios! Foi lentamente passando a língua sobre os lábios dela, de olhos abertos, atento a qualquer problema que pudesse acontecer... tipo... um diabão de 2m de altura atrás dela!
Mas mesmo assim foi penetrando os lábios dela com sua língua... atravessou os lábios, alcançou a língua e esfregou uma contra a outra... sugou... mordiscou seus lábios... ela arranhou seu lábio inferior com os dentes e depois sugou os lábio superior, enlouquecendo-o... suas mãos foram acariciando as costas duras do rapaz no auge de seus 20 anos e que jogava futebol no time do bairro, foi acariciando músculo por músculo daquelas costas enquanto beijava sua boca, cada vez com mais furor... ele acariciava seus seios macios, sua barriga, nádegas, coxas, mas sem coragem de tocar seu sexo... foi assim que percebeu que ela poderia ser qualquer coisa... menos humana, pois além das lindas e delicadas asas negras, ela estava totalmente nua, com sua pele acetinada, macia, e totalmente branca, exposta... a chuva tinha passado, mas alguém poderia vê-la ali! Mas todos que passavam pareciam ignorar a presença deles, como se não passassem de uma parede ou talvez uma árvore...


Ele acariciou todo o corpo macio, sentindo pela primeira vez tanta maciez, um cheiro e um gosto tão bons! Ele já não era nenhum virgem, mas estava longe de ser experiente. O que não o deixava indiferente ao fato de que ela era diferente. E Maravilhosa! Não! MA-RA-VI-LHO-SA! De repente, no meio do beijo ela se afasta, sorri e diz com sua voz encantadora “Eu tenho que ir... estão me chamando!” quando começa a se retirar ele enlouquece por perdê-la! Não! Não vá! O inferno deve ser horrível! Fique comigo! Ela sorri. “Tenho que voltar para minha casa, é Domingo de Páscoa e mamãe sempre faz um jantar caprichado pra gente... e ela não gosta nada quando me atraso!” ele ficou totalmente confuso... “Ahnn... o-o que? Sua mãe faz jantar de Páscoa? No inferno? E sua mãe não gosta que se atrase? Anjo tem mãe? Quer dizer... diabo tem mãe?” ele estava realmente muito confuso... ela riu... balançou a cabeça e falou “Perguntas demais, mas a SUA mãe fez peru recheado, com batatas assadas e está esperando que esse ano você não se atrase... e que coma sem fazer piadinhas de mal gosto! Vai! Ela tá te esperando!” ela sai, dá as costas a ele e começa a caminhar em direção à esquina... então ele grita “Não! Por favor... me diz seu nome??!!!” ela volta... encara seus olhos “Com uma condição... promete nunca mais usar esta camisa? E ser um cara legal daqui pra frente??” ele sacode a cabeça imediatamente... ela ri maliciosamente “Bom... por via das dúvidas...” segura na gola da camiseta e desce rasgando-a em tiras que separam a camiseta como se fosse uma camisa de botões, deixando ainda, alguns pedaços de tecido no chão... aproximou-se do peito ainda sem pelos mas bem marcado pelo exercício do futebol e com a língua desenhou... começando do lado direito de seu umbigo e subindo com a língua molhada até seu mamilo, depois desceu na diagonal até o centro de seu peito e subiu novamente na diagonal até o mamilo contrário, descendo até o lado esquerdo de se umbigo... formando um enorme ‘M’ em seu peito e deixando-o completamente duro!
Nisso ela vira... corre até a esquina e  num rodopio controlado sobe aos céus, marcando um ‘M’ enorme no céu do crepúsculo... depois parando e mudando do negro para o mais alvo e reluzente branco... mostrando a ele que se tratava de uma anjinha... meio safadinha... mas anjinha... e não uma diabinha! De lá ela lança um beijo para ele, mas não é como as outras pessoas que lançam beijos e você não sente nada! Ele sentiu o cheiro delicioso dela... o gosto da sua boca na sua e também as mãos delicadas passeando por seu corpo... que delícia!
A anjinha sumiu e ele caminhou para casa... sem chuva, sem raios ou trovões... num lindo céu de fim de tarde... entrou em casa correndo trocou de roupa, colocou uma camiseta branca e veio sentar-se à mesa de jantar com a família, sem brincadeiras, bobas, sem chatices, sem trocadilhos, sem mal humor!


Ele só pensava no ‘M’... Maria, Michele, Micaella, Marta, Marcia, Mirtes... maluquinha, melindrosa, meiga, macia, malemolente, maldosa, maliciosa, maravilhosa, malvada, morna, maluquinha, merda... ops! Nunca mais falaria uma só palavra feia ou palavrão com ‘M’. Com as outras letras, tudo bem! KKK! Mas o ‘M’ agora era ‘sagrado’ para ele... passou até a pensar em tatuar um ‘M’ gigante exatamente onde ela desenhou com a língua!
Ahhhh... que pensamento delicioso!
“Feliz Páscoa, querido! Estou tão feliz que esteja aqui conosco!” disse sua mãe com lágrimas nos olhos... é... Mãe também começava com ‘M’!
- Aysha - A Rainha da Vida... E da Morte –
- Hope Subway -

Um comentário:

M. disse...

Lido. E tu lidas muito bem com as palavras.

Não te vou repetir os elogios..lol Mas a tua escrita é singular, na forma e sobretudo no conteúdo. Do misticismo, ao mitológico e sempre com uma profunda carga (e bela, muito bela) sexual/erótica.

És dona de uma profícua imaginação, aliada a um bom gosto evidente.

Gosto do M nessa abordagem...Mas muitas mais gostariam...Pessoalmente...sou muito pior. lol

Acho estranho, não sei se já o disse, teres, aparentemente, poucos leitores...Mas estamos no mundo virtual, os teus textos são longos e as pessoas têm sempre pressa de partir...

Quem perde é quem não te lei. Não te adiantarei de muita como fonte de inspiração...E sinceramente, não precisas...a tua transborda por todos os teus poros:)

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